O Quilombo do Cascalho estava situado na região da serra de Três Pontas, possivelmente na fazenda "Canhambola". Em um mapa, ao que parece, elaborado por Antônio Francisco França, datado de 1760, este quilombo é registrado como desabitado. A carta de sesmaria, concedida a Luiz Corrêa da Estrella, dizia que ele queria arranchar "na paragem do Certão donde é chamado Quilombo do Cascalho, nas vertentes da Serra das três pontas, que deságua para o Rio Verde, Freguesia das Carrancas: as quaes terras partão por huã banda, com a da Sesmaria que hoje pertencia a Luiz Corrêa Lourenço, e da outra com o Certão do Rio Verde, e por outra, com a Serra que fica apár da Serra das trespontas, correndo Rio Verde abaixo"¹. A sesmaria de Luiz Corrêa Lourenço, a que se refere o documento supracitado, situava-se na Fazenda da Mutuca que até hoje conserva a mesma denominação. Há outro "Cascalho", na região de Carmo do Rio Claro (MG), situado do lado esquerdo do Rio Sapucaí, hoje Lago de Furnas.
Próxima matéria: Rita Maria Luiza de Oliveira, a Rita do Pasto.
Matéria Anterior: O paulista Bartolomeu Bueno do Prado.
1. SC 129, p.166 e 166v., 14 -JUN -1763, APM.
Comentários
Em 15 de outubro de 1760, a bandeira (capitão Bartolomeu Bueno do Prado) retornou a Santana das Lavras, onde permaneceu cinco dias.
No dia 16, o governador José Antonio, de Vila Rica, presta conta a seu irmão Gomes Freire que, como se vê, foi quem sempre comandou tudo:
"Ontem me chegou a carta de Antônio Francisco França que, sem embargo de ser tarde quando se resolveu a entrar para dentro, contudo esperou um mês em casa do (Bartolomeu)Bueno, que se levantasse das bexigas; e, com ele e seus parentes, marchou com uma porção de Capitães-do-mato (...) e com o negro chamado Cascalho (este negro não é referido em nenhuma das atas da Guardamoria de Carrancas e nem texto-orelha do mapa do capitão França), que lhe remeteu o sargento-mor João Reiz Silva para guia, por haver o dito negro de que havia tomado o dito quilombo o nome de Cascalho, saído dele a fazer gente para o levante dentro; eu lhe fiz remeter um comboio de mantimentos que ainda se deve; finda esta diligência, como Vossa Excelência verá de cópia n.1,determinam fazer alguns exames e por ouro; porém as águas o botaram para fora mui breve por ser já tarde. Os negros remetidos do dito quilombo `cadeia, à minha ordem, verá, Vossa Excelência, que nos faça remeter a essa cidade, o fareis sem embargo de seus senhores granhirem (sic), pois é certo que, em se soltando, se põem outra vez em quilombo. A mais, crias pequenas as mando entregar logo a seus senhores na forma de bandos e ordens. Vossa Excelência me deu dizer o mais breve que puder ser, se devo remeter os nove".
Informa ainda que "Bartolomeu Bueno do Prado, que nada por hora quer dizer". E encerra com "Deus Guarde a Vossa Excelência/V. Rica 16 de outubro de 1760/Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor conde de Bobalela (Arquivo Público Mineiro - SC 130, p.50 e 50v)".
* Quem foi MANOEL ANTÔNIO RATES / Rattes / Raty?
* onde estará arquivada a PROVISÃO para funcionamento de sua primeira ermida/capela, sob o orago de Nossa Senhora do Carmo? Em nome de quem ela foi provisionada?
Deixamos registrado neste comentário nosso apelo: POR UM MUNDO MAIS RICO, HISTORICAMENTE, socialize sua informação. Gratidão.
Luz e Harmonia a todos.
1) Quanto à afirmação de que o Quilombo do Cascalho de Três Pontas, “Em um mapa, ao que parece, elaborado por Antônio Francisco França, datado de 1760, este quilombo é registrado como desabitado”.
A assertiva está mal redigida e pode gerar confusão. O Quilombo do Cascalho, em 1760, era, sim, habitado e foi destruído por Bartolomeu e Diogo Bueno ao final desse ano e, como está apontado nesse, era povoado sim, pois tinha “80 casas” que foram destruídas queimadas pelos atacantes. Este é o Quilombo do Cascalho que ficava na região da atual Carmo do Rio Claro, MG.
2) Portanto, o Quilombo do Cascalho de Três Pontas – que NÃO foi atacado em 1760 – teria sido o primeiro Quilombo do Cascalho, atacado em 1743 segundo minha tese e, em 1746, segundo a tese do colega Paulo da Costa Campos, mas que, em 1760, não estava habitado. Aliás, sequer é apontado com o nome “Quilombo do Cascalho” no mapa do capitão França ou em qualquer outro mapa. Confira em:
http://www.mgquilombo.com.br/site/Artigos/reminiscencias-quilombolas/resumo-e-localizacoes.html