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A tarde é morna e silente. Na casa de Nazaré, Reina uma paz envolvente. Jesus ajuda José. E, após as lides da casa E servir a refeição, Maria, em seu aposento, Recolhe-se em oração, Enleva seu pensamento, Medita em seu coração. Imperceptivelmente ela passa Da prece a um novo mister Que ela faz, com o mesmo brilho, Com sua graça de mulher: Tecer com muita ternura, Uma túnica para seu Filho, Uma túnica sem costura. Enquanto suas mãos tão puras Vão tecendo aquela veste, Seu pensamento procura Que o seu Deus se manifeste. Seu Filho o Reino inaugura, Inaugurando sua veste. Vai às vilas, povoados, Levando o amor e a cura. Vai ao mar, vai à montanha, Vai ao norte, vai à leste, A todos, ele procura. E, no alto do Calvário, Para ser cravado à cruz, Aquela túnica inconsútil, Arrancaram a seu Jesus! Repartiram suas vestes. Sua Mãe, Ele nos deu. Mas a túnica que tecera, Esta não se rompeu. Não a puderam dividir, Outra sina mereceu: Lançaram sorte sobre ela. Quem iria possuir? Essa túnica singular, Tecida com tanto amor É a imagem da Igreja, Que é o Corpo do Senhor. Assim a teceu Maria, Para que unida ela seja.
Trecho da obra: Encontros e desencontros de Maria Antonietta de Rezende
Projeto Partilha - Leonor Rizzi
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