Cachoeira, 25 de setembro de 1933. Carta aberta a otávio Alvarenga. P ezado Otávio , G rande foi a surpresa que me causou a leitura do teu " Bilhete a Ninon ", porque, conquanto viesse notando há muito, através dos teus trabalhos literários, que ias descambando para o pessimismo, bem longe estava de supor que tão rápida fosse a tua queda. D e fato parece que deixaste o mundo idealista , onde formosas vicejam as ilusões da juventude e muito cedo penetraste este outro mundo, tão diferente, onde reina despótica a mais crua e martirizante realidade. Martirizante, sim, que o conhecer como ele realmente é, este mundo que habitamos, não é pequeno martírio para as almas ainda adolescentes que para ele vieram, trazendo o coração repleto de sonhos, de ilusões, de esperanças quase sempre irrealizáveis. Se realmente vinhas mantendo em teu espírito um mundo de ilusões, como sói acontecer às criaturas ainda no verdor dos anos, reconheço que grande deve ter sido a tua decepção ao despertar