de: Francis Vilela - o pianista
Sou um apaixonado por Pablo Neruda. Estou sempre, sempre mesmo com o livreto, Cem Anos de Amor nas mãos. É da Coleção L&PM Pocket, cujos poemas apresentam-se nele traduzidos por Carlos Nejar.
De - Pablo Neruda
Recordarás aquela quebrada caprichosa
onde os aromas palpitantes subiram,
de quando em quando um pássaro vestido
com água e lentidão: traje de inverno.
Recordarás os dons da terra:
irascível fragrância, barro de ouro,
ervas do mato, loucas raízes,
sortílegos espinhos como espadas.
Recordarás o ramo que trouxeste,
ramo de sombra e água com silêncio,
ramo como uma pedra com espuma.
E aquela vez foi como nunca e sempre:
vamos ali onde não espera nada
e achamos tudo o que está esperando.
Comentários
Além de ser um apaixonado por PABLO NERUDA, tenho outra paixão, que me ajuda a sobreviver: o piano.
Terminei meu curso em Campinas, e já estou em Carmo da Cachoeira, a partir desta semana. Meu piano e eu. Se você quiser aprender, aperfeiçoar-se, ou ter momentos de contato e convivência com este instrumento, fale comigo. Moro vizinho do Bar do Galvão, e leciono aulas de piano. Segundo o que está registrado em meus diplomas, de piano e de música eu entendo. O que eu posso afirmar com convicção é o seguinte: AMO MINHA PROFISSÃO. Francis Vilela.
Agora, um presente a todos. De Pablo Neruda. Tradução de Carlos Nejar.
AMOR MEU, o inverno regressa a seus quartéis,
estabelece a terra seus dons amarelos
e passamos a mão sobre um país remoto,
sobre a cabeleira da geografia.
Ir-nos! Hoje! Adiante, rodas, naves, sinos,
aviões acerados pelo diurno infinito
para o olor nupcial do arquipélago,
por longitudinais farinhas de usufruto!
Vamos, levanta-te, e endiadema-te e sobe
e desce e corre e trina com o ar de comigo
vamo-nos aos trens da Arábia ou Tocopilla,
sem mais que transmigrar para o pólen longínquo,
a povoados lancinantes de farrapos e gardênias
governados por pobres monarcas sem sapatos.