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Antonil, cuja obra foi publicada em 1711, elaborou uma tipologia dos escravos que vinham para a Colônia e mostrou cada etnia com características diversas que as tornariam mais ou menos aptas para determinados serviços. Entretanto, alguns cativos não conseguiam melhorar em nada sua natureza e permaneciam boçais durante toda a sua existência: “ ...uns mais boçais que outros...”1. Mas alguns, ainda que chegassem rudes ao Brasil, com o tempo acabavam ficando ladinos e aptos para aprenderem a doutrina cristã2 e para desenvolverem vários serviços. Mas, para ele, os melhores para quaisquer serviços eram os mulatos. O problema é que eram “...soberbos e viciosos...”3 e acreditavam ser muito valentes. As mulheres mulatas conseguiam alforrias e ganhavam dinheiro através do uso de seus corpos, utilizando assim, a vantagem da cor.
Manoel Ribeiro da Rocha teve sua obra publicada em 1758 e, preocupado em criar um labirinto de idéias que justificassem o tráfico e, por conseguinte, a escravidão, deixa transparecer em seu texto uma imagem do africano como sendo gentio, bárbaro, pagão, inferior, idólatra, e que só será salvo através do resgate191. No Brasil, estes africanos resgatados deveriam ser tratados pelos senhores como sendo apenas um jure pignoris, ou seja, um direito de penhor e não de propriedade. Utilizando a fórmula de Benci, Manoel Ribeiro da Rocha prossegue o texto narrando como este resgatado deve ser educado no modelo cristão.
Trecho de um trabalho de Marcia Amantino.
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2 ibidem
3 ibidem.
4 ROCHA, Manoel Ribeiro da. Op. Cit.
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