Os prejuízos causados pelos quilombolas eram muitos e, em 1737, as vizinhanças de Ibituruna estavam “infestadas de negros calhambolas que salteavam (sic) os caminhos e casas dos moradores, que ... não se atreviam a descobrir ouro por aquelas paragens...”1. O autor desta carta, o Capitão Francisco Bueno da Fonseca, afirmava ainda que “...ele estava para fazer uma entrada com a esperança de descobrir ouro a qual lhe estorvava o sobredito receio...” 2
Estas constatações ficam ainda mais evidentes ao sabermos que Minas Gerais foi um palco fértil para a proliferação destas estruturas. Guimarães3, em um estudo pioneiro, registrou mais de uma centena para o século XVIII. Contudo, como o próprio autor afirma, este número provavelmente tende a ser maior, uma vez que alguns foram destruídos e se formaram novamente repetidas vezes, e outros não foram sequer descobertos.
Relação dos Quilombos:
1711
1. Mariana
1714
2. Curralinho
1716
3. Brumado
1718
4. Palmital
1719
5. Serra da Caraça
6. São Bartolomeu
1720
7. Sabará
8. Palmital
9. Santa Barbara
1722
10. Serro Frio
11. Curral do Torino
1726
12. Casa da Casca
1728
13. no Turvo
1731
14. Tejuco
1732/3
15. do Queimado
1733
16. São João d’EL Rey
17. no Ribeirão do Carmo
18. Rio das Velhas Abaixo
19. Carijós
20. Mariana
1736
21. Baependi
22. Guarapiranga
23. São Sebastião
1737
24. Ibituruna
25. Rio Verde
26. Baependi
27. Rio Abaixo
28. São Caetano
29. Guarapiranga
1738
30. São Miguel
31. Sabará
32. Caeté
33. Congonhas do Campo
34. Inficionado
35. São Caetano
36. Catas Altas
37. Itambé
38. Paracatú
1739
39. Pitangui
1740
40. Rio Verde
41. Vila Rica
1741
42. Suassui
43. Ambrózio 41/43/46
44. Paraopeba
45. Sertão das Contagens
1742
46. Comarca do Rio das Mortes
1743
47. Forquim
48. Guarapiranga
49. Serra de São Bartolomeu
1745
50. São Bartolomeu
51. Vale do Prata
52. Arassuaí
1746
53. Campo Grande
1748
54. Vila Rica
55. Borda do Campo
1751
56. Sapucaí
57. Parauna
1752
58. Demarcação Diamantina
1753
59. Demarcação Diamantina
60. Sabará
1754
61. Campo Grande
62. Brejo do Salgado
1755
63. Itaverava
64. Caeté
65. Rio da Prata5
1756
66. Rio das Velhas
67. São João d’EL Rey
1757
68. Indaiá e outros
69. Ambrózio
1758
70. Itaverava
71. Entre Lambari e São Francisco
72. Pitangui
1759
73. Indaiá74. Serra da Marcela
75. Sapucaí (Campo Grande)
76. Ibituruna
1760
77. Comarca do Rio das Mortes
78. Mariana
1764
79. Paraibuna
80. Sitio da Caveira
1765
81. Serra da Marcela e São Francisco
82. Inficionado
1766
83. Serra da Marcela
84. Pitangui
85. Paranaiba
1767
86. Pitangui
87. Vila Rica
1768
88. Rio Pomba
89. Pedra Menina
90. Pitangui
91. Indaiá e Abaeté
1769
92. Borda do Campo
93. Cabeceiras do Parnaíba e Indaiá
94. Catiguá
95. Santos Fortes
96. São Gonçalo
97. Morocos
98. Samambaia
99. Paraibuna
100. Suassui
101. Cachoeira do Campo
102. Tabua
103. Serra Negra
1770
104. Carijos
105. Rio do Pinto ou dos Cachorros
106. Paragem do Quilombo
107. Borda do Campo
108. Fazenda Marimbondo
109. Bambui
110. Tamanduá
111. Caeté
112. Casa da Casca
113. Mariana
1771
114. Brumado
1772
115. Morro do Chapeu
116. Fidalgo
117. Mariana
1773
118. Paracatu
119. São João do Rio das Mortes
120. Curimatai
1774
121. Arassuai
1776
122. Rio do Peixe e Pomba
1777
123. Forquim
1778
124. Rio do Sono
1780
125. São José
126. Paraopeba
127. Mariana
1781
128. Curral d’EL Rey
129. Paracatu
1782
130. Serro
131. Matheus Leme
1785
132. Itamarandiba
133. São José do Rio das Mortes
134. Caeté
1786
135. ( )* local desconhecido
136. Rio Pomba
1788
137. Serra do Funil
1795
138. Itaverava
Obs: Os quilombos em negrito encontravam-se localizados no Sertão Oeste de Minas Gerais.
Fontes:
Guimarães, Carlos Magno. Quilombo: uma negação da ordem escravista.
Martins, Tarcísio José, Quilombo do Campo Grande: A História de Minas, roubada do povo. São Paulo: Gazeta Maçônica, 1995. 171 e ss
Anais da Biblioteca Nacional...
Documentos primários.
Próximo Texto: Mapa de Campo Grande e Campanha de 1760.
Texto Anterior: As reais ameaças e o universo imaginário setecentista.
1. APM SC 57 p. 17
2. idem
3. Guimarães, Carlos Magno. Quilombos: Uma negação da ordem escravista. São Paulo: Ícone, 1992 .p. 137 e ss
Comentários