Para Domingos Loureto Couto1, o quilombo era o local para onde convergiam “negros atrevidos” e era o “receptáculo de foragidos”. O que explicaria a razão das fugas e da ida para o quilombo seria a ilegitimidade dos apresamentos na África, a persistência de costumes africanos e o excesso de escravos na colônia.
Rocha Pita, escrevendo em 1724, acreditava haver uma propensão nos escravos para a rebeldia e para a rebelião, pois eram pecadores e insolentes por natureza. Para evitar isto se deveria punir e educar o cativo na fé tornando-os obedientes ao senhor e fiéis a Deus. Mas, se tudo isto falhasse e o escravo fugisse, tornava-se culpado do “delito da ausência”. Segundo este autor, o cativo preferia “a liberdade entre as feras que a sujeição entre os homens”.2
Palmares recebeu de Rocha Pita alguns comentários, entretanto a preocupação não era tanto mostrar o quilombo e seus habitantes, ou mesmo suas estruturas internas e externas. Na realidade, o objetivo era exaltar a grandeza e o poder metropolitano que havia conseguido destruir “...a calamidade que padecia Pernambuco com esta opressão dos Palmarianos...”3
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1 COUTO, Domingos Loureto. Desagravos do Brasil e glórias de Pernambuco. In: Anais da Biblioteca Nacional. Livro 8, vol. 25. Cap. IV, p. 540 2 PITA, Sebastião da Rocha. História da América portuguesa. Lisboa: Ed. Francisco Artur da Silva, 1880. p. 214 e ss
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