No icício do século XIX, a escassez do meio circulante é que teria indicado esta forma primária de comércio, primeiro aos ciganos, que negociavam também em escravos, comprados ou permutados no Valongo e trocados no interior do país por tudo que representasse valor.
A operação se baseava sempre na importância da "volta", parcela em dinheiro que arredondava o preço do objeto a ser permutado. Um burro bom, novo, de boa figura, era trocado, por exemplo, por uma égua parida, uma espingarda, um tacho de cobre e cinco cruzeiros em dinheiro. Era profissão olhada com certo desprezo, considerada como meio de vida pouco honesto. A velhacaria e a argúcia eram as suas qualidades principais, e no oeste de Minas o barganhista era desdenhosamente chamado de "cigano".
Burton, estudando a evolução dos "pousos de viajantes", em meiados do século passado, observou que foram eles os germens de aldeia e vilas populosas, hoje tornadas cidades importantes. Considera o naturalista inglês que a fase seguinte do "pouso" é o "rancho". Consiste essencialmente num longo telheiro coberto, tendo à frente, às vezes, uma varanda de postes de madeira ou pilastras de tijolos; outras vezes tem as paredes exteriores e ainda compartimentos interiores de adobes ou taipa. Aqui, os tropeiros descarregavam; os animais vagueiam livremente pelo pasto, enquanto os patrões fazem uma fogueira, penduram a chaleira ao modo dos ciganos em um tripé de madeira e estendem no chão, como camas, o couro que protege as cargas, improvisam um dormitório, com divisões paralelas, feitas com cestos bem tecidos (jacás) e albardas. O poeta brasileiro assim descreve o rancho:
A operação se baseava sempre na importância da "volta", parcela em dinheiro que arredondava o preço do objeto a ser permutado. Um burro bom, novo, de boa figura, era trocado, por exemplo, por uma égua parida, uma espingarda, um tacho de cobre e cinco cruzeiros em dinheiro. Era profissão olhada com certo desprezo, considerada como meio de vida pouco honesto. A velhacaria e a argúcia eram as suas qualidades principais, e no oeste de Minas o barganhista era desdenhosamente chamado de "cigano".
Burton, estudando a evolução dos "pousos de viajantes", em meiados do século passado, observou que foram eles os germens de aldeia e vilas populosas, hoje tornadas cidades importantes. Considera o naturalista inglês que a fase seguinte do "pouso" é o "rancho". Consiste essencialmente num longo telheiro coberto, tendo à frente, às vezes, uma varanda de postes de madeira ou pilastras de tijolos; outras vezes tem as paredes exteriores e ainda compartimentos interiores de adobes ou taipa. Aqui, os tropeiros descarregavam; os animais vagueiam livremente pelo pasto, enquanto os patrões fazem uma fogueira, penduram a chaleira ao modo dos ciganos em um tripé de madeira e estendem no chão, como camas, o couro que protege as cargas, improvisam um dormitório, com divisões paralelas, feitas com cestos bem tecidos (jacás) e albardas. O poeta brasileiro assim descreve o rancho:
E por grupos apinhoados
em cestos estão arreios,
sacos, couros e bruacas...
A terceira fase da evolução do rancho, Burton considera a "venda", progresso decidido, mas não integralmente respeitável. É a pulperia das colônias espano-americanas, o empório da aldeia inglesa combinado com a mercearia e a hospedaria. Nela tudo se vende - desde cabeças de alho a livros de missa e cachaça. A hospedagem é gratuita, cobrando-se apenas o milho para a tropa e outras necessidades.
A estalagem ou hospedaria é a quarta e última face da evolução do rancho, não se falando no hotel, que naquele tempo não se diferençava muito da hospedaria. Dava cama e comida para o hóspede e "camaradas" (empregados dos viajantes) e pasto para os animais.
"A probidade do tropeiro era um dos traços característicos da profissão e rarissimamente a mercadoria ou dinheiro, entregues aos seus cuidados, deixavam de chegar ao seu destino. Eram homens reforçados e corajosos, prontos a debelar todos os acidentes da viagem, como práticos e honrados nos negócios", na apreciação de Antônio de Paula Freitas, no seu livro "A engenharia nos tempos coloniais".
A estalagem ou hospedaria é a quarta e última face da evolução do rancho, não se falando no hotel, que naquele tempo não se diferençava muito da hospedaria. Dava cama e comida para o hóspede e "camaradas" (empregados dos viajantes) e pasto para os animais.
"A probidade do tropeiro era um dos traços característicos da profissão e rarissimamente a mercadoria ou dinheiro, entregues aos seus cuidados, deixavam de chegar ao seu destino. Eram homens reforçados e corajosos, prontos a debelar todos os acidentes da viagem, como práticos e honrados nos negócios", na apreciação de Antônio de Paula Freitas, no seu livro "A engenharia nos tempos coloniais".
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