São Gregório
Gregório nasceu em Roma, por volta do ano 540. Filho do Senador Giordano e da nobre Silvia, família romana da aristocracia tradicional, profundamente católica. Sobrinho das santas Emiliana e Tarsila, tias paternas, virgens consagradas, que viviam em oração e ascese.
Inteligentíssimo, de mente vasta e profunda, tornou-se advogado e juiz. Ingressou na vida política, com pouco mais de trinta anos de idade, tornando-se prefeito de Roma, a Cidade Eterna. Em 575 terminou o tempo de prefeitura. Aliviado do encargo civil, daquela vida que não o satisfez, e percebendo as graças de Deus operando em sua vida, converteu-se em direção à fé. Ingressou na vida religiosa, vestindo hábito monacal, por influência dos escritos e da personalidade de São Bento. Entrou para a Ordem dos Beneditinos, sendo um monge apaixonado pela contemplação dos mistérios divinos na leitura bíblica. Nunca deixou de usar o hábito de monge. Sua vida foi pautada pela caridade e pela humildade.
Gregório transformou em mosteiro o palácio do Monte Célio, residência da família, sob a invocação de Santo André. Nas terras da família, na região da Sicilia, fundou outros seis mosteiros com recursos que herdou dos pais. O restante doou aos pobres.
O papa Bento I o fez diácono e enviou-o como representante do Vaticano, uma espécie de núncio apostólico, à cidade de Constantinopla, a capital do império do Oriente, antiga Bizâncio, onde permaneceu por seis anos. Nunca foi cardeal, nem bispo e nem padre.
Foi chamado a Roma para ser secretário particular do Sumo Pontífice, em anos difíceis para a Itália e para Roma: chuvas torrenciais, transbordamento de rios,campos alagados,perdas de colheitas, carência de alimentos. Nesse ínterim, desatou-se a peste bubônica, que causou inúmeras vítimas, inclusive o Papa Pelágio II. Com a morte do pontífice, ele foi aclamado papa pelo clero, pelo povo e pelo senado.
À primeira vista não aceitou a eleição e fugiu para as montanhas, escondendo-se numa caverna. Conta-se que uma luz iluminava o seu esconderijo. Voltando a Roma, foi sagrado papa em 3/09/590, com o nome de Gregório I, sendo assim o 64° papa da história da Igreja.
Foi um homem de ação, prático e empreendedor; enérgico, tanto no plano social e político, em acudir as populações necessitadas, como nas questões internas da Igreja.
Numa missão gregoriana, liderada por Agostinho de Cantuária, enviou quarenta monges beneditinos, a fim de cuidar da conversão dos povos anglo-saxões nas Ilhas Britânicas.
Foi ele o responsável pela compilação dos sete pecados capitais, a saber: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça.
Incansável na administração do Vaticano, encontrou tempo para escrever perto de 900 cartas, as quais refletiam a situação difícil da época, problemas que vinham dos bispos, dos abades, dos clérigos, das autoridades civis. Escreveu comentários sobre os Evangelhos, sobre pastoral, sobre Direito Canônico e reformou a Liturgia, introduzindo o Kyrie Eleisonno início da missa, o Pai Nosso antes da fração do pão.
O pontífice tinha sempre um dos seus olhos direcionado para os pobres. Todos os dias, na refeição principal, doze deles estavam presentes.
Gregório I governou a Igreja durante catorze anos e toda a Idade Média foi iluminada pelo seu pensamento. Foi um papa zeloso, admirado até pelos inimigos da fé, organizou a defesa de Roma, ameaçada pelas invasões dos bárbaros. É considerado um dos mais célebres papas da história da Igreja Católica. Foi o primeiro a usar o nome de “
servo dos servos de Deus” (ServusServorum Dei), contrapondo João IV, patriarca de Constantinopla, que havia se autointitulado “
Ekumenikós”, dizendo estar acima de todos os bispos do mundo. Soube fazer-se “
servo dos servos”. Até hoje os papas usam esse título. Deixou a sua marca no canto sacro, o gregoriano.
Gregório I é merecedor do título Magno por várias razões: em nobreza, nos privilégios da graça, nas maravilhas que Deus operou por seu intermédio, pelo que fez durante os anos de papado. Com Santo Ambrósio, Santo Agostinho e São Jerônimo, é um dos quatro doutores latinos. Liturgicamente é celebrado em três de setembro. Seu sucessor foi Sabiniano (604-606).
São Gregório Magno, rogai por nós!
Diácono Adilson José Cunha
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