Extensa pradaria devassada pelo Pe. Bento Ferreira Villa Nova que, como sesmeiro nas margens do Rio Ingaí e mais outras terras requeridas ao longo do caminho por ele encurtado em oito léguas, que ligavam a vila de São João del Rey a Campanha foi denominada por ele Deserto Dourado.
O Quartel General de sua Fazenda situava-se em São Bento do Campo Belo, depois denominada Eremita. Seu latifúndio era imenso o que, posteriormente, foi partilhado em diversas fazendas.
Encontramos publicado no 21º Anuário Eclesiástico da Diocese da Campanha - ano 1959, fls. 22, o seguinte registro: em 1770, na “Ermida da Campo Belo” batizado, 3º livro de Carrancas, p. 136 em 22 de janeiro. O relato segue-se nos seguintes termos, “Registro importante para a localidade foi o de dois de maio daquele ano: aos dois dias do mês de maio de mil setecentos e setenta anos, o Reverendo Padre Bento Ferreira na sua Ermida do Campo Belo desta freguesia de Nossa Senhora Conceição das Carrancas, e Sant’Ana das Lavras do Funil, batizou e pôs os santos óleos a Joaquim, nascido na mesma freguesia, filho legítimo de Manuel Francisco Terra, e de Ana Vitória de Jesus, moradores no deserto dourado desta freguesia; neto pela parte paterna de Domingos Francisco Terra, e de Izabel Pires de Morais da freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Prados deste Bispado; e pela materna de Domingos Rodrigues Barreiros e sua mulher Jacinta Bernarda da Conceição morador no sítio do Ribeirão das Lages desta freguesia; foram padrinhos João Rodrigues Barreiros, solteiro, e Rosa Maria Pires, mulher de Antônio de Freitas Ribeiro, moradores no Turvo freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Aiuruoca, deste Bispado, e os mais todos desta freguesia de que fiz este assento que por verdade assinei era ut supra. O vigário Manuel Afonso”.
Observação: Em, 500 anos - Trajetórias de uma Família, Antonio Galvão Sampaio Terra, às fls. 78, destaca: “A terceira geração dos Terras. Os filhos de Manoel Francisco Terra e de Ana Vitória Barreiros. Às fls. 79 apresenta a Fig. 55 - gráfico em Leque, da descendência deste casal. São 10 filhos onde aparece um deles, Alferes Joaquim Rodrigues Terra, dois mayo 1770, São Bento do Campo Belo. Filho”.
O Ten. Cel. José Fernandes Avelino é filho de Isabel Gertrudes de Moraes nascida em 1779, irmã do Alferes Joaquim Rodrigues Terra. Portanto, Joaquim foi tio de José Fernandes Avelino.
Diz a obra: “Fazenda Carapina (e o mapa, às fls. 77, indica próxima a ela a Fazenda da Lage) foi desmembrada da Fazenda Bom Retiro dos Barreiros de propriedade do Alferes Manoel Francisco Terra".
A descoberta do ouro nos sertões fez com que a notícia se espalhasse rapidamente. O sertão foi tomado de assalto por bandeiras que sucederam e as descobertas se multiplicaram ininterruptamente. O povoamento intenso e o progresso do sertão que se prendia historicamente às cidades paulistanas, propiciaram a criação da Capitania de São Paulo e Minas Gerais, em 1709. Em 1737, o ouvidor Cipriano José da Rocha, partindo de São João Del Rey, chegou às minas auríferas do Rio Verde e fundou um arraial ao qual deu o nome de São Cipriano, origem da atual cidade de Campanha. As minas do Rio Verde, descobertas por paulistas, por volta de 1720, tinham ficado abandonadas. Com o tempo, passaram a ser exploradas clandestinamente.
E o Deserto Dourado foi sendo devassado em todas as direções. Onde quer oferecesse vantagens de lucro imediato, ali se fixava uma família, que poderia ser a causa imediata, como foi várias vezes, de um núcleo populoso. A beira de uma CACHOEIRA e aos pés de um morro junto a uma picada clandestina, que pouco mais tarde, numa escritura de compra e venda aparece como, “estrada real”, fixa-se a família de Manoel Antonio Rates e Maria da Costa Morais. O prof. Wanderley Ferreira de Rezende denominou o local como sendo DESERTO DESNUDO. Os Rates não eram os únicos. Foram muitos os colonizadores. Conhecê-los nos engrandece. A genealogista Denise Cassia Garcia publicou, Os Garcia “Frade”; Ricardo Gumbleton Daunt, em 1974, publica o Capitão Diogo Garcia da Cruz; Apparecida Gomes do Nascimento Thomazalli, publica As Famílias de Nossas Família; entre tantos outros.
Nas obras citadas conhecemos as descendências açorianas. São deles que herdamos o espírito festeiro das tradicionais “Festas do Espírito Santo”, “Festas do Divino” e as “Folias de Reis”. E as rodas de fiar, os teares com os quais se fazem as tradicionais colchas de lã; o carro de boi mineiro e os doces caseiros? Enfim, um povo sensível, sentimental, hospitaleiro, honesto e de grande rigor nas questões religiosas, bem como tenaz, audacioso e aventureiro, no dizer de Júlio Dantas, da Academia de Ciências de Lisboa.
Aproveitamos este espaço para prestar homenagem à Família Naves de Carmo da Cachoeira. Aqui temos dificuldade ao citar o sobrenome de um deles, dado o fraterno entrelaçamento com as Famílias Rezende e Vilela. Quantas vezes nos perguntamos: fulano assina Naves, Vilela ou Rezende?
Acabamos de receber o recente lançamento de Márcio de Oliveira Naves, obra Escarafunchando Memórias, prefaciado por José Kaeitel Ribeiro da Academia Tricordiana de Letras de Artes, cadeira 19.
Houve outro trabalho publicado anteriormente - Cavucando o Passado. Diz ele: “Neste pequeno livro, tento relatar fatos que marcaram minha infância e minha juventude, desde a Fazenda da Covoca, onde nasci (...)”. Ele apresenta os pais de seu avô paterno, João Antônio Naves e Ignácia Constância de Rezende Naves; seus avós paternos foram Manoel Antonio Naves e Isaura de Rezende Naves Filha de Theodoro Antônio Naves e Jacinta Leopoldina de Rezende, da Fazenda das Abelhas.
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