O Primeiro prédio da Igreja foi construído em estilo barroco, em cujo altar celebraram 18 párocos. No ano de 1929, esse templo foi demolido, durante a administração do Cônego José Dias Machado.
Padre Godinho, cachoeirense, nascido em 23 de janeiro de 1920, em sua obra "Todas as Montanhas são Azuis", conta-nos: "Nasci em meio a montanhas e serras em uma aldeia que, ao tempo, levava o nome de arraial. (...) Nâo me sentia cidadão por não ser oriundo de cidade. A montanha é velha guardiã de mistérios. Os dias eram vazios de qualquer acontecimento."
Ao se referir ao Templo físico dizia: "Minha mãe cuidava do jardim pensando em colher o melhor para os altares da Matriz. As imagens de talha barroca ostentavam ouros e, as de roca, veludos e brocados". Relata aspectos de religiosidade:
"Minha avó (...) me mandava ler exemplos da vida dos santos. Ao despontar do dia, a missa da madrugada nos esperava.
O orvalho recobria as sebes perfumadas e a fina areia das ruas, enquanto o badalar dos sinos despertava os retardatários da noite. As cerimônias na Igreja, as procissões, os paramentos, os turíbulos de prata, os cálices de ouro, as ladainhas, os cânticos e, principalmente, a incompreensível beleza e sonoridade do latim me deslumbravam. Gostava de ver o padre subir ao púlpito e, do alto, dominar, em gesto e palavras, o que me parecia uma atenta e fascinada multidão."
Padre Godinho descreve o perfil do cachoeirense daqueles velhos tempos, dizendo que, no arraial, nas fazendas e nos sítio, o panorama humano era pobre, místico, lírico e cristão, e a população era religiosa e supersticiosa, mas acreditava mesmo em Deus e nos seus santos.
Descreve também os mementos de sua ordenação sacerdotal dizendo que lhe foi conferida na Igreja onde, 26 anos antes, recebera o batismo. Certamente já não era mais a velha igreja erguida em estilo barroco pelos escravos: suas partes de madeira atacadas pelos cupins ameaçavam ruis a taipa, trazendo tudo abaixo, o que levou à triste decisão de demoli-la.
Da antiga igreja, foram conservadas umas imagens de roca e uma do Senhor Morto, em tamanho natural, uma rica banqueta de prata e algumas belas peças de damasco e de brocado.
Lá está sobre o trono de mármore a imagem da Senhora do Carmo, bela escultura do início do século XIX, exercendo sobre nós seus dons afilhados, o vigilante, amoroso e ininterrupto padroado.
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