Ativistas culturais preservam nossa memória histórica
Fernão Dias Paes Leme corajosamente embora velho, atendendo ao apelo de seu rei, juntou seus índios agregados e com os seus dois filhos, com seu genro, e alguns amigos que acreditaram nele, partiu de São Paulo chefiando a maior bandeira paulista, entrando no sertão em busca da Lagoa Encantada onde estariam as tão sonhadas esmeraldas.
Nesta louca aventura, o Governador das Esmeraldas foi plantando roças e deixando atrás de si “pousos”, para que outros bandeirantes pudessem sobreviver na impiedosa selva pontilhada de perigos.
O sertão do Campo Grande estava localizado no trajeto dos bandeirantes quando, em 1739, Marta Amato encontrou informações de que pertenciam a Carrancas (Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Carrancas) dois cemitérios que pertenciam a essa freguesia, na Comarca do Rio das Mortes: cemitério do Campo Belo e cemitério do Deserto Dourado (hoje São Bento Abade).
Segundo Tarcísio José Martins (1995, 1ª Edição de Quilombo do Campo Grande, fls. 177) descreve o que é citado no mapa do capitão França — Antônio Francisco França — em relação ao Quilombo do Gondu com 80 casas, situando-o a sudoeste do município de Carmo da Cachoeira.É curioso notar que, apesar de povoado (tinha 80 casas) não consta do mapa de França a indicação (roteiro) de que este quilombo de Carmo da Cachoeira tenha sido atacado. — Quilombo do Campo Grande fls. 178
A história, portanto, preserva o Cemitério dos Escravos como remanescente da era quilombola, embora lá estejam enterrados corpos de brancos - bandeirantes e passantes pela região.
Luiz Eduardo Vilela de Rezende encontrou um documento interessantíssimo, quando da análise de muitos outros que o subsidiam no estudo que está realizando sobre seus ancestrais.
Em Tarcísio José Martins, na 2ª Edição sobre o Quilombo do Campo Grande, o autor preserva um segundo termo como denominação do Quilombo Gondu, o seja: “Quilombo do Gondim” ou "Quilombo do Gondin".
Entre os documentos que o pesquisador Luiz Eduardo encontrou foi o testamento arquivado no Museu Regional de São João del Rey, onde é citado o capitão Joaquim do Espírito Santo casado com Helena Maria Gondim. Certamente, o autor do livro sobre o quilombo do Campo Grande esteja aprofundando suas pesquisas no sentido de situar, aqui na região, a presença dessa família de imigrantes - Gondin, que pode ter coabitado aqui no tempo do Quilombo com 80 casas.
Tereza do Sapé é um nome ligado ao ideal preservacionista e da consciência do povo negro, e teve como foco em São Paulo as regiões de favela e em sua cidade natal, Carmo da Cachoeira, no resgate e preservação do Cemitério dos Escravos da Fazenda da Chamusca.
Terezinha do Carmo Cubateli ou Tereza Alvarenga Cubateli como era conhecida na capital paulista, liderou alguns movimentos sociais, atuando junto a igreja onde, com sua criatividade e articulação, manteve a tradição do simples e do singelo, contidos em suas origens
Fui criada na casa dos Alvarenga/Sant'Ana, e só vim a perceber que era negra na vida adulta. Não havia diferença na forma de tratamento que era dado para mim, ou aos filhos do casal onde fui criada. Todos eram tratados igualmente. Frequentei as mesmas escolas, as mesmas igrejas e tínhamos amigos comuns. Agora, em São Paulo, é que me envolvi com os da minha raça. Antes, nem me passava pela cabeça defender um movimento que me era estranho. — Tereza do Sapé
Nascida na mineira Carmo da Cachoeira, faz de tudo para engrandecer seu berço natal. Uma de suas falas mais significativas é esta:
Como um povo pode ignorar seu passado? Aí está o fato de muitos não engrandecerem mais Cachoeira. Não conhecem seu passado de lutas e de glórias.
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Tereza do Sapé em comunidade em São Paulo |
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