A história do antigo povoado da Estação.
Por pertencer à
bacia hidrográfica do rio Grande,
Carmo da Cachoeira possui alguns recursos d’água. Eles marcam a história da cidade. O
ribeirão do Carmo banha a cidade e o
ribeirão do Couro do Cervo é citado já em
1760, como localização de quilombo formado por 80 casas.
Tarcísio José Martins, do
Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais diz:
“O local onde se situa a fazenda Nestle é chamado de Couro do Cervo, nome que, aliás, foi adotado dada a proximidade ao Ribeirão desse mesmo nome”.
O senhor
José Miguel Domiciano, mais conhecido como
Seu Congo, antigo morador do povoado, homem de grande fé e devoção e também conhecedor de plantas medicinais, conta-nos algumas histórias guardadas em sua memória. Fala sobre a fazenda do Couro do Cervo, de propriedade do médico Dr.
João Otaviano de Veiga Lima, mais conhecido como Dr. Veiga que, por mais de cinquenta anos, exerceu a profissão e também foi prefeito da cidade por duas vezes. Lembra-se ele que Dr. Veiga Lima era produtor de café, entre os anos de 1950 e 1960, e empregava muitos moradores do povoado em sua plantação. O café era levado para fora através do transporte ferroviário.
O professor
Wanderley Ferreira de Rezende, ao publicar sua obra “
Carmo da Cachoeira, Origem e Desenvolvimento”, cita, entre outras fazendas importantes, a
fazenda Retiro, hoje chamada de
fazenda Couro do Cervo.
Luiz Álvares Rubião, em obra publicada pela Casa Maltese, Varginha, descreve a referida fazenda como tendo área de 500 alqueires de terra e “
uma das melhores, senão a melhor propriedade agrícola do município”. Diz, também, que a estrada de ferro Rede Sul-Mineira parte de Três Corações e vai à cidade de Lavras, cortando grande parte da fazenda, dentro da qual está situada a Estação de Carmo da Cachoeira, cujo edifício foi construído pelo proprietário da fazenda. O povoado da Estação fica próximo ao trevo de acesso à cidade, pela rodovia Fernão Dias.
As águas do ribeirão que emprestou o nome à fazenda moviam diversas máquinas. A memória que “
seu Congo” registra é de um dos últimos proprietários da fazenda Couro do Cervo, casado em primeiras núpcias com uma descendente do casal
Mariana Vilela do Espírito Santo e
Manoel dos Reis e Silva.
O professor Wanderlei conta-nos que, no ano de
1844, faleceu em suas fazendas do Couro do Cervo, ex-
fazenda Retiro, o Capitão-mor
Manoel dos Reis e Silva.
Encontra-se localizada no povoado a
Capela de Santo Antônio da Estação. O livro Tombo 2, folhas 28, verso, registra no ano de 1940 o seguinte: “
Dom Inocêncio Elgebe, O.F.M. Por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica, Bispo da Campanha. Aos que esta nossa provisão virem, saudação paz e benção no Senhor. Atendendo ao que nos representou o reverendíssimo vigário de Carmo da Cachoeira, havemos por bem conceder-lhe licença para celebrar a Santa Missa durante um ano na Capela de Santo Antônio da Estação. Dada e passada em a Câmara Eclesiástica de Campanha sob o sinal e selo de nossas armas. E eu Pe. José do Patrocínio Lefol, Secretário do Bispado, a fiz e subscrevo." assina Dom Inocêncio.
Encontramos no livro Fábrica 3, ano de 1935, às folhas 80, nos dias 15,17 e 22 de outubro, registros relativos a quantias em favor de Santo Antônio.
A provisão perpétua está registrada às folhas 48, no livro Tombo 2, no dia 7 de fevereiro de 1945, e faz referência ao registro na Diocese em livro próprio de número 3, folhas 15. Esta capela é um bem tombado pelo IEFHA (Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais), em 3 de abril de 2006. A imagem e o patrimônio foram tombados na mesma data. Em 2011 a capela foi revitalizada. Todos os anos, no dia 13 de junho, comemora-se na capela o dia de Santo Antônio.
Comentários