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Da Ilha de Açores a Passa Tempo - As Três Ilhoas.




Por volta de 1720, João de Rezende Costa, que residia na Ilha de Santa Maria, Freguesia de Nossa Senhora das Angústias, Arquipélago dos Açores, foi informado que Portugal estava tentando conseguir povoadores para colonizar o Brasil, pois estava sentindo-se ameaçado pela Espanha, que polemizava a respeito das terras ao Sul do Brasil. E, para isso  estava  arrebanhando  voluntários, principalmente na  Ilha de  Açores, já excessivamente povoados. Com a recente morte de seus pais,e não vislumbrando chances de se desenvolver lá, pois os bens deixados por eles seriam insuficientes para si e um irmão casado,decidiu vir para o Brasil. Uma embarcação partiu rumo ao Brasil, juntamente com gente do Pico, Faial (Ilha de Açores) e Santa Maria, e nela estavam João e Diogo Garcia, entre muitos outros. Depois de  dois meses de viagem,ambos decidiram que iriam para a Comarca do Rio das Mortes, nos sertões de Cataguases. Desembarcaram no Rio de Janeiro e  tomaram o Caminho Novo, atravessaram serras e transpuseram a Mantiqueira. Diogo Garcia estabeleceu-se em um sítio na Freguesia de Nossa Senhora do Pilar (hoje São João Del Rey, e, João de Rezende Costa estabeleceu-se na Freguesia de Prados, no território da então Capela de Santo Antônio de Lagoa Dourada; hoje, município de Lagoa Dourada, que  em 30/08/1911 emancipou de Prados/MG. Por essa época faleceu em Faial (Ilha de Açores), vítima de um acidente em pesca de baleias,o amigo de Diogo Garcia, Manuel Gonçalves Correia,o Burgão, deixando viúva Maria Nunes. A viúva e suas três filhas, hoje popularmente conhecidas como: "As Três Ilhoas", por influência do amigo Diogo,decidiram vir para o Brasil,e especificadamente para as Minas Gerais.E Diogo, ainda muito triste com a morte do amigo, é quem foi ao Rio de Janeiro para receber a família e ciceroneá-las até a região onde estava instalado. Era o ano de 1723, e, uma delas, Antônia da Graça Correia, já era casada com Manuel Gonçalves da Fonseca,a segunda Júlia Maria da Caridade casou-se em 29 de Junho de 1724, com Diogo Garcia, e, a caçula Helena Maria de Jesus Correia (1710-1771),morava com esse casal. Foi quando João começou a prestar atenção na menina. Nas visitas ao amigo Diogo, falava da  fazenda que  crescia e do nome  que lhe  daria - "Engenho Velho de Cataguases", construída por volta de 1723. Segundo os fatos, Helena Maria, venceu a timidez e perguntou a João o porquê do nome, ao que ele respondeu que havia encontrado, nas terras que comprara e cultivava, duas pedras encaixadas sobre uma maior, que tinha a forma de cuia e que imaginou ser um moinho, ou engenho para fazer farinha de milho ou de mandioca. Por isso o nome da fazenda. Helena, começou a admirar aquele homem tão sensível que não se envergonhava disso. Pouco a pouco seu interesse foi crescendo, ao ver a vontade e o vigor com que ele se atirava ao trabalho, ao cultivo da sua terra. E ele, sem notar de imediato, apegava-se à moça loura, cujos olhos verdes lhe passavam doce mensagem de apreço. E, numa manhã ensolarada de 3 de Outubro de 1726, casavam-se João e Helena. Helena passou a se chamar Helena Maria de Jesus Rezende. Portanto, em 3 de outubro de 1726, surgiu a família Rezende no Brasil e adotou a hoje cidade de Lagoa Dourada / MG, como seu berço.João de Rezende Costa (1700-1758) e Helena Maria de Jesus tiveram quinze filhos. A relação: 1- João de Rezende Costa, padre,o primeiro Rezende (nascido no Brasil) - que tornou-se o vigário na Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Prados; 2- Maria Helena de Jesus - casou-se com o português José Antônio da Silva, e moravam na Fazenda do Engenho Velho de Cataguases, em Lagoa Dourada; 3-José de Rezende Costa (O Inconfidente), 4- Antônio Nunes de Rezende, Capitão Mor, casado com Maria Pedrosa de Moraes, 5- Julião da Costa Rezende (1733-1888), casado com Ana Gonçalves de Moura, 6- Ana Maria de São Joaquim,que foi casada com o português Manuel da Motta Botelho, 7- Manuel da Costa Rezende, casou-se com Ana Felipa Ferreira,e moravam na região de Andrelândia, 8- Gabriel da Costa Rezende(padre), foi vigário em Aiuruoca, MG, 9- Helena Maria de Rezende, casou-se com o português Miguel de Souza Ferreira, moravam na região de Lavras, 10-Theresa Maria de Jesus, casou-se com o português Caetano Gomes Figueira,e moravam na Fazenda Figueira,em Lagoa Dourada,11- Josefa Maria de Rezende (1793-1825), casou-se com o português Severino Ribeiro,e moravam na Fazenda Cachoeira em Lagoa Dourada, entre eles o Marquês de Valença, Dr.Estevão Ribeiro de Rezende. Uma das filhas do Marquês, casou-se com o Dr.Raul Ferreira Leite, natural de Passa Tempo, fundador do antigo Laboratórios  Raul Leite (1921), na cidade do Rio de janeiro, 12- Joaquim de Rezende, faleceu solteiro,13- Ana Joaquina de Rezende, 14- Gonçalo de Rezende Costa e 15- Manuel da Costa Rezende, foi casado com Ana Felipa e Leonarda do Amaral, esta, falecida na Vila do  Passatempo, hoje cidade de Passa Tempo. O filho de Nº 3,o Inconfidente José de Rezende Costa pai, casou-se com a açoriana Anna Alves Pretto e moravam na Fazenda Campos Gerais,em Nossa Senhora da Penha da Lage (hoje Resende Costa). Tiveram os seguintes filhos: José de Rezende Costa (o Inconfidente filho-1765/1841) e Francisca Cândida de Rezende (batizada em 1769). Por sua vez, Francisca foi casada com o negociante de escravos Gervásio Pereira Alvim (1761-1837), filho de Tomé Afonso e senhorinha Gomes Pereira, naturais de Santa Maria do Salto, termo de Monte Alegre, Arcebispado de Braga (Portugal). Gervásio foi  tutor dos bens do sogro, o Inconfidente José de Rezende Costa. Gervásio e Francisca, tiveram seis filhos,entre eles o Capitão Mor e negociante: Gervásio Pereira do Carmo  Alvim (1795-1888), casado com Ana Antônia Umbelina de Paiva (1803-1880), da família Francisco Machado de Azevedo & Monteiro de Barros. Portanto, no ano de 1831, moravam na Fazenda Campos Gerais,em Nossa Sra. da Penha da Lage (Resende Costa). Tiveram dois filhos: Francisco Monteiro de  Rezende e Olímpia de Assis Rezende. Olímpia casou-se com Antônio Auto da Costa (filho de Manuel da Costa Paes, casado com Francisca Cândida de Rezende, filha de Teodósio Machado Faleiro e Maria Francisca de Rezende. Este Antônio, deu origem as famílias “Costa” de Passa Tempo, e Desterro de Entre Rios,no Campo das Vertentes.O Antônio era delegado, e, fazendeiro no Rio dos Bois, no curato do  Passatempo, hoje, cidade de  Passa Tempo, no Campo das Vertentes.
A Maria Francisca de Rezende, acima mencionada, era filha do Capitão  Gervásio Pereira do Carmo Alvim. O Antônio e Olímpia tiveram 11 filhos: Américo Costa, João Costa (1923-1996 - soldado, herói da FEB- pai entre outros de: Tânia, que foi colega minha de escola, Galgani, Murilo, Gilson, Beto, Solange ), Geraldo Costa, Flávio Costa (pai de Julinho, atual prefeito de Passa Tempo, no Campo das vertentes), Inácio, Leontina, Mercês, Maria da Conceição, Dolores e Enésio da Costa; O outro de Nº 4, o Capitão Nunes de Rezende, fora casado com Maria Pedrosa de Moraes, filha do Sargento Mor: João Alves Preto, filha do Sargento Mor João Alves Preto e Maria Pedrosa  de Moraes.Tiveram duas filhas: Maria Pedrosa de Moraes(ou Rezende) e Ana Joaquina de Rezende, batizada em 1749, e, que, em 1774, casou-se com Antônio Pereira Costa, português, natural da Ilha de São José, filho do Alferes Antônio Pereira da Costa,natural de São Salvador do Cabreiro, termo de Arcos, arcebispado de Braga,e de sua mulher Antônia Pereira de Alvarenga, neto paterno de Pedro da Costa e Feliciana da Costa. Conta no inventário do  Antônio da Costa Pereira, no Museu Regional de São João Del Rey -Caixa 294, relato de bens  que deixou na Vila de Passatempo, como herança para a viúva e filhos, uma fazenda de nome: "Invejosa". Seus descendentes são os Rezende (Resende), da cidade de Passa Tempo.

OBS: Livro de referência: Genealogia Mineira/1938-Autor: Arthur Rezende.Índices Genealógicos Brasileiros Salvador de Moya/1945. Volume 5.

Pesquisa: MARCOS MAURÍCIO MENDES LIMA  16  de Abril de 2013.



Comentários

Abilon Naves disse…
Importante trabalho de pesquisa.
Parabéns!

No entanto, visualizamos os numerais da matéria que, em casos alternados, referem-se ao tópico de assuntos e não a sequencia dos descendentes propriamente ditos.

Sendo assim, somente à título de colaboração, solicitaria ao pesquisador, o qual desde já enviamos nossas homenagens, ordenar, se possível, os nomes relacionados com o formato de numerais conhecidos e aprovados pela genealogia brasileira e portuguesa.

Nesse sentido, à titulo de exemplo, segue uma das formas aprovadas:

1. ...(pai)... casado com ...(mãe)..,, com geração em:

1.1. ...(1º filho)... casado com (esposa do 1 ºfilho)..., com geração em:

1.1.1. ... (1º neto, do 1º filho)... casado com ...(esposa do 1º neto, do 1º filho)...

1.2. ... (2º filho) ... casado com... (esposa do 2º filho)..., com geração em:

1.2.1. ... (1º neto do 2º filho)... casado com ...(esposa do 1º neto do 2º filho)...

...

Ressaltamos, nossa pouca familiaridade com os nomes relacionados neste brilhante trabalho ora publicado neste importante sítio de informação.

Grande e Fraterno Abraço.

Abilon Naves
Blog Família Naves
Agradeço a sempre oportuna colaboração Sr. Naves.
marcos disse…
Prezado Bovaris,agradeço pela oportunidade que deu de contar um pouquinnho da história de Passa Tempo,cidade onde estudei,e quando criança...corria e brincava.
marcos disse…
Comprei recentemente um livro raro editado pelo Arquivo Público Mineiro,editado em 1900,que tras a Relação Cronológica dos Concessinários de Sesmarias,em Minas Gerais,de 1710 a 1825-Organizada pacientemente pelo historiador:Antônio de Carvalho Brandão,substituto de José Pedro Xavier da Veiga,que faleceu neste ano de 1900.O próprio Xavier da Veiga,foi quem iniciou o trabalho de pesquisa.Um detalhe curioso,consta que o Inconfidente José de Rezende Costa,adquirou Sesmaria em 1817,na região de Nossa Senhora da Penha da Lage(hoje:Resende Costa).
marcos disse…
No "Dicionário Histórico e Geográfico de Minas Gerais"(1971),na página 385;o ilustre professor Waldemar de Almeida Barbosa,faz menção ao nome de José(é João)de Rezende Costa, como tendo nascido em Prados,mas somente o filho José de Rezende Costa,é que nasceu em Prados.O João nasceu na Ilha de Santa Maria,em Portugal.
marcos disse…
OBS:O José de Rezende Costa(o Inconfidente),em verdade,adquiriu Sesmaria foi anteriormente,no ano de 1759(também consta no Índice de Sesmarias da APM/MG).Nessa época José contava com 29 anos de idade.É possível que seja o filho:José de Rezende Costa(o moço),é quem adquiriu a outra Sesmaria a de 1817.Segundo,José Guimarães na obra "As Três Ilhoas"(3ºVol),relata que José de Rezende Costa faleceu aos 72 anos,ou seja em 1802.
Unknown disse…
Trabalhpo excelente, parabens!

Tenho uma duvida: era o capitão-mor Gervásio Pereira de Alvim irmao de Jose Pereira Alvim, que casou com Quiteria Umbelina Gomes Pereira? Sou descendente direta deste casal e procuro mais informacoes sobre a familia deste Jose Pereira Alvim.

Muito grata!

Lucia Barros
Lucia Barros,

Essa matéria nos foi encaminhada por Marcos Maurício Mendes Lima e publicamos após analisada pela pesquisadora Leonor Rizzi. Infelizmente não temos mais contato com Marcos Maurício.

A princípio uma das maneiras de se conseguir a confirmação ou não desse dado é conseguir os registros batismais através de pesquisa na paróquia onde possivelmente ele nasceu.

Não será fácil, mas se o fosse não teria desafio na busca.

Rícard Wagner Rizzi
JULIO disse…
Ricardo
A pesquisa do MARCOS MAURÍCIO MENDES LIMA 16 de Abril de 2013, publicada no seu blog é muito boa e esclarecedora. Parabens pela publicação e pelo blog.
Júlio de Aquino Nascif Xavier
Por acaso alguem tem informações sobre os Rosa Pires e os Da Fonseca de Passa Tempo e Oliveira?
Decio Medeiros disse…
Censo de 1831
Distrito de Laje, termo e freguesia de S Jose, fogo 72
Gervasio Pereira Alvim, 36, casado, chefe, branca
Ana Antonia, 28, cônjuge, branca, casado
Dependentes todos brancos:
Francisca, 10; Prudenciana, 8; Senhorinha, 6; Ana, 3; Gervásio, 4; Camila, menos de um ano
21 escravos

Ver batismo de Prudenciana em:
https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-1-15066-15547-87

Arquivo

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