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Mostrando postagens com o rótulo Quilombos

A água como fonte da vida e de nossa história.

S ob o manto do infinito céu azul que envolve Carmo da Cachoeira , os pássaros descobriram , logo ao amanhecer, uma ameixeira , cujos cachos, respondendo ao calor dos últimos dias, amadureceu. A algazarra que faziam junto das ameixas, amarelinhas e perfumadas, preenchiam o ambiente. Foi ao som desta sinfonia acontecendo num espaço com aroma adocicado, que os moradores despertaram nesta manhã. O local, é onde funciona , hoje, o Gapa Cultural e seu filho, o Projeto Partilha . O prédio , é uma pequena parte, daquilo que foi, nos anos de 1770, o Sítio Cachoeira , de Manoel Antônio Rates . A o tentar levantar dados sobre o local de construção da casa de morada do primeiro morador, um dos questionamentos era: Que água esta família utiliza? de onde vinha? C om os dados da localização apontados com segurança por dona Zilah , visitamos os engenheiros da cidade, Pedro Paulo e Rosan. Ambos confirmam que a água da qual a casa apontada se servia, vinha de uma nascente mais acima - (ho

Os índios e a justiça do Conde de Valadares.

N o Rio de Janeiro, já no século XIX , a situação também não era muito diferente [ utilização de índios na captura de quilombolas ] , ainda que sua população indígena fosse muito pequena, mesmo a aldeada. A Real Fazenda de Santa Cruz é um exemplo claro de como se poderia utilizar os índios aldeados para ajudar a destruir os quilombos. Em 1822 o Superintendente da Fazenda escreveu um ofício ao Ministro da Justiça comunicando que de acordo com a autorização recebida por ele dada pelo mesmo Ministério, havia pedido aos Capitães Mores das Aldeias de Itaguaí e de Mangaratiba [²] , para que junto com seus índios aldeados viessem em socorro da Fazenda a fim de acabar com grupos de escravos aquilombados em suas matas. Desta diligência participaram 91 índios comandados pelos seus chefes e informa ainda o ofício que: “... A diligência dos índios foi muito bem dirigida pelos seus próprios chefes, apesar das grandes chuvas, que sofreram de dia e de noite com muita constância. Em alimentos para sua

Os índios como arma contra quilombolas.

A nos depois foi enviada aos sertões uma expedição com o objetivo de resgatar uma moça que havia sido seqüestrada por quilombolas , aproveitando para destruir os quilombos que fossem encontrados no caminho. A expedição realmente conseguiu recuperar a moça, prender alguns negros e matar outros. C ontinuando sua jornada encontrou com outro quilombo que ao ser atacado foi defendido por uma série de flechas disparadas por índios que ali viviam em contato com os negros fugidos. Três Capitães do Mato ficaram feridos, “...dois com duas flechas presas no pescoço e com grande perigo de vida ” ¹ . A solução proposta foi a de utilizar nas próximas investidas contra o quilombo, os índios “...mansos de Frei Ângelo que se acham no Xopotó ” ² . Estes índios eram na realidade do grupo Coroado e estavam aldeados há alguns anos na região e serviam também como mão-de-obra para os fazendeiros. O curioso desta situação é que um mesmo quilombo propiciou dois tipos de contatos com indígenas: os que conv

Índios como solução aos desmandos dos negros.

M esmo que alguns indígenas fossem vistos como “ úteis ”, para as autoridades coloniais a maioria deles não passava de bárbaros que atrapalhavam o desenvolvimento. Logo, era preciso retirá-los da região. Contudo, esta retirada era muito complexa e envolvia uma série de leis que quase nunca foram respeitadas. O s quilombolas eram bandidos e propriedades fugitivas de alguém. Logo, poderiam e deveriam ser presos e ou exterminados . O índio era, de acordo com as leis, um ser que precisava ser respeitado e protegido pelas autoridades , desde que pacífico ¹ . O índio pacífico era um aliado em potencial e deveria receber melhores tratamentos ² e os considerados indomáveis e “ incivilizados ” - leia-se incapaz para o trabalho nas fazendas - deveriam ser rapidamente exterminados ou expulsos para mais longe. Uma das saídas encontradas para controlar os indígenas considerados mansos e que viviam espalhados por territórios propícios à agricultura ou à mineração, foi a utilização deles como ele

O Conde de Assumar e a vitória dos paulistas.

P ara o Conde de Assumar ¹ , se até o “ refugo do gênero humano ” respeitava as suas leis, o mesmo deveria ser esperado e até com mais ardor, dos povos civilizados, pois o rei português, segundo ele, governava não somente como um “ Vice-Deus na Terra ” mas também o fazia como um pai tratando os seus filhos vassalos com bondade e suavidade, impondo a obediência através de meios não violentos. D epois de deixar claro que considerava os paulistas homens valorosos e heróicos devido aos seus feitos contra as Missões indígenas espanholas, a destruição de Palmares e a luta contra os Emboabas, conclama a todos que passem a obedecer ao soberano de maneira incondicional já que a obediência acarretaria a riqueza de todos: do soberano e deles, vassalos. A ssumar entendia ou precisava acreditar , que era possível obter a obediência dos paulistas. O grande problema para ele eram os negros, insolentes, revoltosos e para seu desespero, em maior número que a população branca. Palmares é o grande fanta

As suas diversas estruras dos quilombos.

E m função da necessidade de mobilidade , seus quilombos quase sempre não possuíam elementos arquitetônicos. Eram apenas ranchos temporários. A lguns grupos de quilombolas chegavam mesmo a viver escondidos em lapas, grutas e cavernas. Sabendo disto, o Governador Luis Diogo Lobo da Silva , ordenou que durante uma batida na região das Serras de Antonio Pereira procurassem localizar quilombolas “...batendo e prendendo todos os negros fugidos e aquilombados que se descobrirem ocultos. Examinar buracos, lapas, matos e esconderijos e ranchos suspeitos advertindo que naquelas partes com que pelas asperezas das mesmas serras e dificuldades...” 1 P oderiam ou não , possuir algum tipo de liderança capaz de organizar a defesa, os ataques e a sobrevivência do grupo. Normalmente, estas lideranças eram esporádicas e diferentes das encontradas nos quilombos maiores . De fato, os líderes existiam apenas nos momentos de ataques e dos roubos às fazendas , às vilas ou aos viajantes. P ode-se perceber q

Os capitães-do-mato e seu negócio.

P ercebe-se que os limites que separavam as diferentes categorias sociais não eram muito definidos. Uns e outros poderiam ser confundidos entre si, aumentando a fluidez desta sociedade já tão pouco propensa em obedecer as regras impostas pelas autoridades metropolitanas. N este momento torna-se necessário definir o que era considerado na época um quilombo, e quais eram as implicações de ser um escravo fugitivo identificado como quilombola. P ara a legislação da época , era quilombola todo escravo fugido que fosse apanhado longe de povoações. O número de fugitivos necessários para caracterizar um local como quilombo variou de “...acima de quatro...”, no Regimento dos Capitães do Mato de 1722 1 e no Despacho do Governador D. Luis Diogo Lobo da Silva 2 e “...acima de cinco...” na Carta Régia do Governador Gomes Freire Andrade 3 . Este mesmo documento afirma que não era necessário encontrar junto com os escravos fugidos, ranchos, pilões ou qualquer coisa que facilitasse a conservação