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Mostrando postagens com o rótulo Brasil Colônia

A realidade chega à expedição de Pamplona.

O s problemas com a expedição não demoraram a aparecer. Bestas de cargas não agüentaram o peso e ficaram pelo caminho. Escravos e pedestres desertaram. Os participantes foram entrando em pânico com a presença cada vez mais próxima dos índios e dos quilombolas. Os conflitos entre Pamplona e seu Tenente, José Serra Caldeira foram ficando cada vez mais sérios. Além destes, Pamplona teve também problemas com o juiz de sesmarias de São José, João Ribeiro de Freitas . Alegava este ao Conde de Valadares que Pamplona estava “ usurpando a jurisdição e medindo e demarcando sesmarias no Sertão de São Francisco sem faculdade ou comissão [dele]... ” ¹ . Em maio de 1770 Pamplona escrevia ao Conde dizendo que um Juiz de sesmarias havia alterado as demarcações feitas por ele e que isto estava provocando sérios problemas na região. Ameaça dizendo que desta maneira, não haveria como continuar a povoação do Campo Grande. ² U m outro problema enfrentado foi a impossibilidade de conseguir homens nos ar...

O dia-a-dia da expedição de Pamplona.

Q uando todos os preparativos estavam prontos , com as 52 bestas de cargas já estavam carregadas com comida, bebida e a botica, todos partiram. Além dos fazendeiros, dos que queriam ser fazendeiros e dos escravos, iam também o Capelão Gabriel da Costa Resende , oito músicos, dos quais sete eram escravos de Pamplona e um branco livre, e mais dois negros tocadores de tambores. Logo à frente, iria juntar-se à comitiva um cirurgião, responsável por tentar mantê-los vivos. A quantidade de armas levadas pelo grupo mostrava a todos que não seria uma expedição pacífica. Havia espingardas, clavinas , facões, patronas, pólvora, chumbo e muita munição. Tudo indicava tratar-se de uma expedição de guerra. N aquele primeiro dia andaram cerca de três léguas e pararam para pernoitar na Fazenda Cataguases. L á, iniciaram uma rotina que os acompanharia durante toda a jornada, ainda que as paradas fossem já no meio do Sertão sem qualquer abrigo por perto: a janta com os requisitos básicos da civilida...

Pamplona e os membros de sua expedição.

E m 1769 Pamplona fez sua segunda expedição ao Sertão de Minas sob as ordens do Conde de Valadares , e já com o título de Mestre de Campo e Regente dos distritos de Pium-í , Bambuí , Campo Grande e Picada de Goiás. Seu objetivo era principalmente dar combate a índios e negros quilombolas ¹ e povoar a região. Para isso distribuiu mais de cem sesmarias na área e deixou inúmeros documentos relatando toda a rota da expedição além de uma série de mapas feitos durante a viagem dando detalhes da área e dos quilombos encontrados. D urante esta expedição Pamplona estabeleceu várias capelas: a de São Francisco de Sales, a de N. Senhora da Conceição, a de Santa Margarida de Cortona, a dos Santos Mártires, e outras. ² Este tipo de edificação era vantajoso porque a partir dele o bispado de Mariana podia tomar posse espiritual da região e conseqüentemente, cobrar os dízimos ³ . E ntremos na expedição. Era o dia 8 de agosto de 1769. A Fazenda do Capote estava repleta de homens tão aventureiros ...

Um estudo em busca dos pioneiros mineiros.

Documento encomendado pelo Projeto Partilha. Transcrição de José Geraldo Begname . Um registro, uma chave. Consta do relatório de n.3, 01/2006, enviado a nós enviado pelo pesquisador, professor e historiador, José Geraldo Begname, o seguinte dado: Assunto - Capela Localidade - Conceição da Barra de Minas Referência - Livro de Provisão 1764-1765, fls.171. O dados chegaram a Carmo da Cachoeira, Minas Gerais por solicitação do Projeto Partilha. O assunto diz respeito a pesquisas no Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana (AEAM). P ara nós cachoeirenses, o acesso a Conceição da Barra de Minas se faz a partir da Rodovia Fernão Dias em seu sentido Belo Horizonte. Uma das alternativas é a entrada na altura da rodovia no vizinho Município de Nepomuceno. Outra, é através de Lavras, seguindo até Itutinga, Camargos, Nazareno, chegando a Conceição da Barra de Minas . N osso referencial de estudo tem sido o século XVIII, época em que aqui viveu Manoel Antônio Rates e sua família. Rates/M...

A primeira expedição de Pamplona.

C umprindo as ordens do Governador , Pamplona em 1765 - com 34 anos de idade - fez sua primeira entrada nas nascentes do São Francisco acompanhado de alguns sócios interessados na ocupação daquelas terras: José Alves Diniz , Afonso Lamounier , José Fernandes de Lima , Antonio José Bastos, Inacio Bernardes de Souza , Simão Rodrigues de Souza, Pedro Vieira de Faria , Timóteo Pereira Pamplona e outros. Faziam parte do grupo vários escravos e índios pacificados. O capelão era o Padre Antonio Pereira Henriques que possuía o poder de vigário da vara e provisor de novas capelas. Como conseqüência desta Entrada, o Governador assinou várias cartas de Sesmarias com datas de 1° de dezembro de 1767. Em todas elas a causa principal para que os requerentes pedissem as terras era a de que tinham participado de alguma forma na conquista do sertão devoluto do Rio de São Francisco, Serra da Marcela e Quilombo do Ambrósio. Os homens alegavam ter acompanhado Ignácio Correia de Pamplona; as mulheres e suas...

O capitão-de-campo Inácio Correia de Pamplona.

O português Ignácio Correia de Pamplona nasceu em 1731 na Ilha Terceira, no Bispado de Angra. Era filho legítimo de Manoel Correia de Melo e Francisca Xavier de Pamplona. Casou-se com Eugênia Luisa da Silva, mulata e filha de uma negra forra da nação Mina e de pai desconhecido. Com ela teve seis filhos: Simplícia, Rosa, Teodora, Inácia, Bernardina e Inácio Correia de Pamplona Corte Real, que se tornou padre. ¹ A ntes de completar trinta anos já era comerciante no Rio de Janeiro e abastecia Vila Rica e São João del Rei com diversas mercadorias. São João del Rei foi o local escolhido para fixar residência e trabalhar como cobrador do Contrato das Entradas do Tejuco ao lado de José Alvares Maciel durante os anos de 1759 a 1761. S ua vida foi pautada pelas grandes expedições no combate aos índios, pelas batidas aos quilombos que se localizavam no Oeste de Minas Gerais e pelo controle quase que absoluto que detinha na região em função de possuir muitas terras e poderes conferidos pelos...

A intermediação do trabalho dos índios.

O controle exercido pelos Diretores dos índios ou pelos religiosos antes de 1759, provocou inúmeros conflitos em várias regiões do Brasil com os fazendeiros que acusavam os demais de exigirem pagamentos altos pelo trabalho dos indígenas e não permitirem a negociação direta entre o fazendeiro e os índios, ficando com o pagamento que a eles seria devido. O s aldeamentos também serviam em alguns casos, como um núcleo populacional capaz de atrair novos moradores. É necessário ressaltar o caráter civilizatório destas estruturas, na medida em que se percebe momentos distintos no estabelecimento dos aldeamentos. Alguns eram fixados em locais de grande movimento econômico e populacional, com o objetivo de tentar trazer os índios à civilização e evidentemente, fornecê-los como uma alternativa de mão-de-obra. Por outro lado, havia aldeamentos que eram estabelecidos em áreas longínquas e com uma pequena população, ou seja, nos sertões. Neste caso, percebe-se que a principal razão da sua criaçã...

A estratégia de Martinho de Mendonça.

A lém da política de segredo , Martinho de Mendonça revela as estratégias utilizadas para conseguir-se a prisão dos poderosos: aproveitou-se a época das cheias, quando as viagens ficavam difíceis e espalharam-se as notícias de que o Intendente ia apenas arrecadar os bens já seqüestrados dos outros culpados. Esses dois fatos deixaram os demais suspeitos tranqüilos de que os oficiais não se arriscariam a ir muito longe em estação tão perigosa para a saúde, pois com as enchentes, vinham as epidemias. N a carta do dia 19 de julho , ele já comunica a prisão do capitão dos amotinados: “ (…) dou a V. Excelência os parabéns da prisão de capitão dos amotinados ” ¹ . A desordem ocasionada pelos motins parece chegar ao fim com a prisão do capitão dos amotinados. Em 23/07/736, Martinho de Mendonça descreve o suposto capitão: é um mameluco, filho de uma carijó ² . Ao ressaltar a condição de mameluco do prisioneiro, Martinho de Mendonça tira a importância do motim, pois foi chefiado por pessoa des...

Conde de Valadares, Pamplona e os índios.

A inda que os índios servissem algumas vezes como aliados, era de vital importância que o controle sobre eles se efetivasse de maneira cada vez mais ampla. E um dos grandes problemas que as autoridades tinham que resolver era como controlá-los para que servissem de alguma forma ao projeto civilizacional em andamento. Em 1769, Paulo Mendes Ferreira Campelo , Comandante do Arraial do Cuieté , ao escrever ao Governador Valadares , afirmava que uma saída para a região seria reunir num único local todas as tribos que viviam isoladas e soltas pela área, pois de acordo com ele, eram pequenos grupos e não se justificava ficarem controlando tantas terras e impedindo o povoamento. Além do que sua dispersão inviabilizava a sua catequização: "...é constante e se manifesta por certo serem as aldeias dos índios que se pretende agregar bastantemente dispersas umas das outras e não muito abundantes de gente, suposto que unidas de um só corpo se compõem de numero avultado estas não podem ser dout...

Os índios e a justiça do Conde de Valadares.

N o Rio de Janeiro, já no século XIX , a situação também não era muito diferente [ utilização de índios na captura de quilombolas ] , ainda que sua população indígena fosse muito pequena, mesmo a aldeada. A Real Fazenda de Santa Cruz é um exemplo claro de como se poderia utilizar os índios aldeados para ajudar a destruir os quilombos. Em 1822 o Superintendente da Fazenda escreveu um ofício ao Ministro da Justiça comunicando que de acordo com a autorização recebida por ele dada pelo mesmo Ministério, havia pedido aos Capitães Mores das Aldeias de Itaguaí e de Mangaratiba [²] , para que junto com seus índios aldeados viessem em socorro da Fazenda a fim de acabar com grupos de escravos aquilombados em suas matas. Desta diligência participaram 91 índios comandados pelos seus chefes e informa ainda o ofício que: “... A diligência dos índios foi muito bem dirigida pelos seus próprios chefes, apesar das grandes chuvas, que sofreram de dia e de noite com muita constância. Em alimentos para sua...

Os índios como arma contra quilombolas.

A nos depois foi enviada aos sertões uma expedição com o objetivo de resgatar uma moça que havia sido seqüestrada por quilombolas , aproveitando para destruir os quilombos que fossem encontrados no caminho. A expedição realmente conseguiu recuperar a moça, prender alguns negros e matar outros. C ontinuando sua jornada encontrou com outro quilombo que ao ser atacado foi defendido por uma série de flechas disparadas por índios que ali viviam em contato com os negros fugidos. Três Capitães do Mato ficaram feridos, “...dois com duas flechas presas no pescoço e com grande perigo de vida ” ¹ . A solução proposta foi a de utilizar nas próximas investidas contra o quilombo, os índios “...mansos de Frei Ângelo que se acham no Xopotó ” ² . Estes índios eram na realidade do grupo Coroado e estavam aldeados há alguns anos na região e serviam também como mão-de-obra para os fazendeiros. O curioso desta situação é que um mesmo quilombo propiciou dois tipos de contatos com indígenas: os que conv...

Os primeiros indícios da revolta nos sertões.

O motim do sertão foi um movimento previamente anunciado, desde que se aventou a possibilidade de incluir os escravos da região no sistema da capitação, conforme mostra um trecho da correspondência de Martinho datada de 24/9/1734: “ também no Serro houve que me disse que podia haver uma alteração de povo com as novas ordens ” ¹ . A primeira menção oficial sobre a crise nos sertões aparece na carta que Mendonça escreveu para Gomes Freire de Andrade em 18/06/1736, na qual o Interino procura demonstrar pouca preocupação: “Ainda que V. Excelência me ordenou não fatigasse as paradas me resolvo a expedir esta para que não suceda chegar a noticia do sucesso do Rio verde por outra via, e dar a V. Excelência algum cuidado. (…) Eu fico sem cuidado na matéria, parecendo-me que dei as providências necessárias.” ² A pesar da notícia trazida por “ pessoa fiel ”, de que o Juiz do Papagaio estava conseguindo cobrar a capitação com tranqüilidade, em carta de 28/06/1736, ele ainda fala com algum...

Índios como solução aos desmandos dos negros.

M esmo que alguns indígenas fossem vistos como “ úteis ”, para as autoridades coloniais a maioria deles não passava de bárbaros que atrapalhavam o desenvolvimento. Logo, era preciso retirá-los da região. Contudo, esta retirada era muito complexa e envolvia uma série de leis que quase nunca foram respeitadas. O s quilombolas eram bandidos e propriedades fugitivas de alguém. Logo, poderiam e deveriam ser presos e ou exterminados . O índio era, de acordo com as leis, um ser que precisava ser respeitado e protegido pelas autoridades , desde que pacífico ¹ . O índio pacífico era um aliado em potencial e deveria receber melhores tratamentos ² e os considerados indomáveis e “ incivilizados ” - leia-se incapaz para o trabalho nas fazendas - deveriam ser rapidamente exterminados ou expulsos para mais longe. Uma das saídas encontradas para controlar os indígenas considerados mansos e que viviam espalhados por territórios propícios à agricultura ou à mineração, foi a utilização deles como ele...

Os amotinados de Brejo Salgado, 1736.

Q uanto ao relato dos motins , utilizamos aqui os subsídios contidos nas cartas de Martinho de Mendonça e algumas informações obtidas de documentos do Arquivo Ultramarino e do Arquivo da Torre do Tombo ¹ . I nicialmente, houve um levantamento , uma assuada , contra o Juiz de Papagaio, quando este tirava uma devassa: ele representava a metrópole e seus tentáculos. Logo após, Mendonça deu ordens para seguir para a região um corpo de Dragões e um grupo de capitães do mato ² , reforçando a ocupação militar. Tendo um objetivo definido, os participantes deste motim seguiam um ritual: primeiro, avisaram que voltariam se não parasse o cadastramento dos escravos da região. O segundo motim aconteceu no dia 24 de junho 1736, quando se juntaram cerca de duzentos moradores da região no Brejo do Salgado e marcharam para o Arraial de S. Romão, sob as ordens de Juizes do Povo e Cabos, por eles nomeados. A força militar, ao ouvir boatos de que o número dos amotinados chegaria a cinco mil, fugiu em ...

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