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Era Sonho, um poema Sul Mineiro


autoria e interpretação: Carlos Alberto Caldeira

captação e edição de áudio: João Paulo Alves Costa - Estúdio DjeCia

edição de vídeo: Rícard Wagner Rizzi

arte: Maurício Nascimento

fotos: Evando Pazzini

trechos de vídeos de fundo: A Mavarda Carne (1985), Limite (1931), O Salário da Morte (1976), e Vidas Secas (1963)

Era Sonho

Na gari um silvo longo anunciou a partida

cortei montanhas, atravessei rios e riachos

e outra da gari desembarquei.


Lutei, nadei, amei

nunca mais voltei.

A cidade dorme.

Ao longe o lamento de um cão.


Nesta hora que meu peito arde,

minh’alma chora,

dilacera meu coração,

É a dor da saudade.


Saudade da pipa que o vento empinava,

como águia rútila que no céu planava.

Do pião colorido que solto rodopiava,

que na rua descalça,

a molecada brincava.


Saudades dos amores que tive,

que tenho, que não tive…

Dos que um dia partiram… findaram, 

como aves de arribação

na Santa Glória aportaram.


Saudades da vermelhidão no poente.

Arrebol fulgurante de encanto.

Aquarela enfeitando o ocidente,

que a noite cobre com seu manto.


Saudade das águas puras do ribeiro,

banhando os lírios da cor de açucena.

Num espetáculo solo e brejeiro

cantarolando para o bailar das falenas.


Saudade do filho da terra,

que em Roma estudou.

Que na pregação do encontro,

Mãe e Filho exaltava.


Dizia da dor que o Homem por nós suportou.

Do corpo inerte nos braços da Virgem

Exclamava.


Na Igreja do Carmo, no campanário,

saudade das badaladas alegres do sino.

Minha mãe, aos pés do altar,

rezava um rosário.


E os fiéis um a um davam graças ao Divino.

Ouço então o canto harmonioso de um pássaro.

É um sabiá laranjeira, meu avidespertador.

Um sol tímido invade a janela que escancaro.

Diviso na encosta a Cachoeira dos Rates.


Sorrio. Era Sonho.

Passou a dor.


Sobre o autor Carlos Alberto Caldeira

Carlos Alberto Caldeira pertence a tradicional Família Caldeira. Nasceu em Carmo da Cachoeira, Minas Gerais e casou-se com Marlúcia Izabel Santos Caldeira e são pais de Fábia Katariny Caldeira Vilela, Fabiane Izabel Caldeira Barros e Ana Carla Caldeira Freire. Carlos Alberto e Marlúcia são avós de André Henrique Caldeira Vilela, Mariana Caldeira Vilela, Pedro Lucas Caldeira Barros e Filipe Pizzo Caldeira Barros.

Carlos Alberto Caldeira é filho de Carmo Caldeira e Marieta Fortunato Caldeira, ambos cachoeirenses. Marieta Fortunato Caldeira é filha de Nicolau Fortunato e Anita Pizzo Fortunato. Tem como avós paternos Sebastião Caldeira, que nasceu em São Thomé das Letras, Minas Gerais e faleceu em Carmo da Cachoeira, também em Minas Gerais, e Maria de Lourdes Carvalho Caldeira, que nasceu e morreu em Carmo da Cachoeira. Foram seus bisavós paternos, Gabriel José Caldeira que nasceu em São Thomé das Letras e Josephina Cândida Nogueira Caldeira que faleceu em Carmo da Cachoeira, no ano de 1948.

A poesia, gênero literário muitas vezes mal compreendido, é utilizado por Carlos Alberto de forma natural e fluídica. As palavras perpassando seu ser deslizam-se harmoniosamente como as notas musicais numa partitura. O tema, fruto de seu discurso, vai se compondo lentamente levando o leitor a compor uma imagem dinâmica que, paulatinamente, se transforma em cena reveladora das emoções vividas pelo poeta - uma interação consistente, sutil, integradora. Um olhar tranquilo e sereno pousado sobre o objeto amado.

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