Ao visitar o Museu em Campanha pode-se conhecer, junto à escada de acesso ao andar superior do prédio, o mapa regional da região: "Mappa de toda a extenção da campanha da princeza, feixada pelo Rio Grande, e pelos registros, que limitão a Capitania de Minas".¹
O atual Distrito Palmital do Cervo do Município de Carmo da Cachoeira, Minas Gerais, ficava, na época na chamada Comarca do Rio das Mortes - século XVIII em um atalho compreendidos entre Campanha, da Sereníssima Senhora Princeza da Beira, filha dos Sereníssimos Senhores Princepes Reais e Lavras do Funil no Rio Grande, nas terras de Sesmaria do Pe. José Bento Ferreira do Campo Formoso, com seu altar portátil e capela sob o orago de São Bento, hoje Município de São Bento Abade. Neste ano de 2009 a capela do Palmital do Cervo está sob a responsabilidade eclesiástica do Pároco de Carmo da Cachoeira, Pe. André Luiz da Cruz, da Diocese da Campanha.²
O Distrito do Palmital do Cervo, cujo sino pertenceu a Fazenda da Barra de São Domingos eram fazendas bem próximas no século XVIII. Manoel Antônio Rates era morador em seu Sítio, na época situado no Ribeirão do Carmo da Cachoeira dos Rates ("de Rates") e no espaço compreendido entre os Rios Verde/ Ingaí/ Grande, mais abaixo o Sapucaí (Sapucahy) e Campanha da Princesa. A oeste a Serra das Três Pontas. Ao norte a Paragem das Três Pontes. A jurisdição era de São João del Rei.
Foto: Evando Pazini - 2007 - Arte: TS Bovaris
Projeto Partilha - Leonor Rizzi
Próxima imagem: Antiga foto da cidade de Carmo da Cachoeira.
Imagem anterior: Distrito de Palmital em Carmo da Cachoeira.
1. O termo feixada parece-nos estranho nos dias atuais, no entanto, é encontrado em documentos oficiais da época. Veja, por exemplo:
Vereança de 30 de junho de 1819:
"Aos trinta dias do mês de junho de mil oitocentos e dezanove annos, nesta Villa de Santa Ana de Castro Comarca de Paranaguá e Coritiba em as cazas da camera e pasos do conselho dela para onde forão vindos o Juiz Prezidente Bento da Rocha Carvalhais (...) despachou ce dous requerimentos de negociantes da villa e mais hum dito para carta de data de choens comcedidos na mesma villa, fez correição geral correndo as ruas pellas portas das cazas de negócios que nellas há oficiais de ofícios, e achou ce entre elles Joze Lopes da Silva (José) oficial de ferreiro com a porta feixada (...) Ignácio Jozé da Silva (José) com sua caza de venda feixada na ocazião da correição (...). Eu João Pereira de Oliveira Escrivão ajudante que o escrevi." (texto integral)
2. Para situar o local nos mapas, Cf.: Antônio Gilberto Costa. Caminhos do ouro. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte. 2005. Cf.: DIGMAP - Discovering our Past World With Digitised Maps - Windows Internet Explorer. Title: Cartografia das Minas Gerais: da Capitania à província - século XVIII e XIX. Creator : Costa, António Gilberto. Renger, Friedrich Ewald. Furtado, Júnia Ferreira. Santos, Márcia Maria Duarte dos Publisher: Editora UFMG - Belo Horizonte. Description - Monografia Subject - 528.93 (084.4) por 912 "18/19" por Monografia. Obra editada com pasta, em cartão, que inclui: o volume de texto acondicionado em saqueta de papel colada no interior da pasta e, 29 folhas soltas, com a reprodução fotográfica de 31 mapas, acondicionadas na pasta: Mapas da Capitania: 1. "Mappa de toda extenção da campanha da princeza, FEIXADA pelo Rio Grande, e pelos registros, que limitão a Capitania de Minas". Mapas regionais: 1. "Mapa das Minas de Ouro e São Paulo e Costa do Mar que lhe pertence".
Comentários
"Pedro Franco Quaresma, casado com Ana Nunes, foi um desbravador que, desde meados do século XVIII, andava pelo sertão pesquisando minas e combatendo índios em descobrimento de ouro. Foi o descobridor das minas de ouro de Jacuí, onde também deu caça a calhambolas (FRANCO, Francisco de Assis Carvalho. Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas, p.322). Aos 7 de outubro de 1755, Pedro Quaresma, juntamente com oficiais da Vila de Jundiaí, tomou posse do sertão do Rio Grande, onde havia descoberto o dito sertanista terras minerais. A demarcação do terreno apossado começava no 'Rio São João (de Jacuí) que faz barra no Rio Grande, e por este acima até onde finalizar o dito Pedro Franco com sua diligência e também todo o sertão além do Rio São João até o Rio Sapucaí das Campanhas de Itajubá, e por ele acima até onde se reparte o distrito das mesmas Campanhas'(DOCUMENTOS Interessantes, v.XI,p.63).
Bartolomeu Bueno do Prado, a quem a família Garcia era ligada por laços de afinidade, segundo Carvalho Franco (FRANCO. Op.cit.,p.306-307), era paulista, filho do Capitão-Mor Domingos Rodrigues do Prado e de sua mulher Leonor Bueno da Silva e foi casado com Isabel Bueno da Fonseca, filha de Francisco Bueno Feio e Maria Jorge Velho. Por volta de 1755, Bartolomeu passou para a região do Palmital, no sertão do Rio Grande, onde residia seu sogro. Naquele local foi buscado pelo governo mineiro para que chefiasse bandeiras contra calhambolas. O Governador da Capitania de Minas, José Antônio Freire de Andrade, deu-lhe patente de comandante de uma expedição nesse sentido, em 12 de maio de 1757. Devido a atrasos nos preparativos teve renovada sua portaria em 8 de junho de 1758 para ir como comandante-geral de uma tropa que devia agir na região de Jacuí e Campo Grande (...)."
Observação: São muitos os locais denominados de "PALMITAL" no Brasil Colonia. Dr. Marcos Paulo não diz: "PALMITAL DO CERVO". Diz, apenas, "PALMITAL". A citação transcrita aqui tem o fito de registrar um acontecimento regional de grande vulto, há mais de um século e no qual esteve envolvido um de nossos ancestrais. Segundo José Teixeira de Meirelles, 1949. Três Corações, ao concluir seu opúsculo, cita Januário, o personagem central de sua obra como sendo alguém que se colocou em defensa de uma instituição de relevante valor - A FAMÍLIA. Sua luta foi "incansável e audaz da mais nobre instituição na humanidade - A FAMÍLIA (p.147. Jurisdição dos Capitães).