
A cidade de Três Pontas se ressentia da falta de transporte. A expressiva produção cafeeira enfrentava problemas de escoamento, pois a exportação era feita por meio de carros de bois e, no primeiro quartel do século XX, os caminhões ainda eram uma raridade na região.
Liderados por Azarias de Brito Sobrinho, Domingos Monteiro de Rezende e Theodósio Bandeira Campos, a população se arregimentou e foi constituída uma empresa, para a exploração de um ramal ferroviário, ligando a cidade à estação da Espera, Bairro rural às margens do Rio Verde, na barra do Ribeirão da Espera. Era conhecido desde os primórdios do Século XIX, com a denominação de Ajudá da Espera1. Naquela época, havia lá 35 fogos e 292 almas. Foi um movimentado porto fluvial, onde pequenos barcos ancoravam, trazendo mercadorias para a cidade de Três Pontas e Pontal (Elói Mendes). Com a construção da Estrada de Ferro, ligando Três Corações a Tuiuti (atual Juréia) e fazendo conexão com a Estrada de Ferro Mogiana, perdeu sua expressão como porto, mas foi favorecida com a construção de uma estação ferroviária.
Na época, por iniciativa de Francisco Garcia de Miranda e Manuel Piedade Rabello, foi construída uma estrada de rodagem ligando a cidade à Estação da Espera, melhoramento que favoreceu exportação dos produtos agrícolas do município. Nesta época, a Estrada de Ferro Três-Pontana ainda não havia sido construída. Na Estação da Espera entroncamento com a Estrada de Ferro Muzambinho. Em 18 de maio de 1924,a linha férrea chegou à parada do "Córrego das Pedras"2 . Oficialmente o término das obras ocorreu em 30 de dezembro de 1924, com a emissão da primeira ação em nome do Presidente da Companhia. O material foi importado da Bélgica, por intermédio da "Brasil-Trading" e "Soares Sampaio".
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1. Cunha Matos, Coreografia Histórica da Província de Minas Gerais (1837), vol.1 p.122 Ed. Itatiaia, 1981.
2. Não confundam com outra fazenda do mesmo nome do município de Carmo da Cachoeira. Esta propriedade rural, próxima da antiga Usina Boa Vista, município de Três Pontas.
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